quarta-feira, 20 de março de 2013

SOBRE A DOR

 

Passaram-se alguns dias sem que eu escrevesse neste ambiente talvez por falta de motivação. Parece que tudo ficou muito banal.

Ontem. dia 19 de março,  a Tv Bandeirantes exibiu uma matéria jornalística sobre a FIBROMIALGIA, ou SÍNDROME DE DOR DIFUSA. Então achei apropriada a dica de um assunto que me diz respeito e resolvi escrever sobre a minha experiência pessoal com a dor. O relato que farei certamente parecerá meio breguinha, figurinha comum em depoimentos dessa natureza. Mas não conheço outra fórmula para passar a mensagem.

Desde de 2001, quando retornei de São Paulo, que vinha sentindo uma fadiga excessiva, com algumas suaves dores musculares, especialmentes nos ombros, braços, pernas e pés. O sono começou a ficar conturbardo, tudo isso sem uma causa identificada.

Analgésicos e relaxantes musculares davam conta do recado e eu toquei a vida.

Nos ano de 2009 passei por uma artroscopia no ombro direito, para a retirada de um calo ósseo que me causava muitas dores.

Em 2010 fui internado mais de vinte vezes com crises de dores causadas por cáculos renais nos dois lados. Duas cirugias foram necessárias para reirar as pedreiras em 2011. Numa delas fiquei muito mal e internado por vários dias. Para os médicos, foi como eu ter parido – normal -  por mais de vinte vezes num único ano.

No ano de 2012, quando eu desfrutava de paz e tranquilidade profissional, curtindo minha família com total dedicação a ela, tendo abandonado as quatro carteiras (maços) de cigarros que fumava num único dia, puz os pés no chão num dia de segunda feira de setembro e não consegui levantar. As dores irradiadas em todo o corpo e a fadiga muscular me mantiveram na cama naquele dia e no resto da semana. Analgésicos e relaxantes musculares não resolveram.

O inferno se instaurou na minha vida sem me que me dessem o direito ao purgatório.

Eu não sabia a causa de tanto sofrimento. As dores não cessavam e por isso eu não dormia bem. Perdi peso rapidamente e me tornei arredio e impaciente com todos. Minha família, amigos e companheiros de trabalho se inquietaram com isso.

Minha atividade profissional parou totalmente, uma vez que eu não mais conseguia cumprir com os compromissos assumidos.

Procurei ajuda médica: reumatologia, neurologia e até psiquiatria. Fiz uma tonelada de exames. A maior surpresa prá todos foi o atestado de saninadade mental dado pelo psiquiatra. Eu não estava louco ao ponto de criar as dores e nao possuía qualquer problema neurológico ou reumatológico que justificassem as dores.

A depressão se instaurou e nem poderia ser diferente. Não conheço alguém feliz com o convívio com a dor.

Nessa altura eu recebia os mais variados conselhos e tratamentos, tais como: uma estadia num cabaré resolveria; o problema é da cabeça; evitar o estresse curaria. Chás disto ou daquilo. Rezas e outras religiões foram prescritas. Sei que todos tentavam, cada um ao seu modo, minimizar o meu sofrimento, mas nada diminuía as dores. Covém que esclareça que não fui ao cabaré,. mesmo porque o Ministério da Saúde adverte que esse tratamento tem doloridos efeitos colaterais.

Eu me escondia das pessoas com vergonha de não conseguir mais fazer meu corpo acompanhar minhas vontades. Só queria cama e paz. mas precisava trabalhar num ambiente de constante estresse – advocacia municipalista.

É muito estranho você querer que as pessoas acreditem que você está doente sem que lhe falte algum pedaço do corpo. Ao que parece, na sociedade em que vivemos só se configura uma doença quando há um curativo aparente, um membro faltante ou uma internação cirúgica. De tempos em tempos uso uma bengala quando estou na fase de fadiga muscular, após o uso de analgésicos fortes.

Comecei a tomar alnalgésicos potentes, daqueles que viciam até que minha família me viabilzou uma pesquisa mais apurada em São Paulo, onde permaneci por duas semanas sob os cuidados de um espeialista em dor e sendo submetiddo a exames sobres os quais nunca tinha nem ouvido falar. Um dos mais estranhos foi ter de dormir num laboratório com o corpo grudado por duas dúzias de eletrodos e duas câmeras me vigiando. Noutro, passei uma hora num tomógrafo, depois de ter tomado um suco de iodo radiotivo e várias injeções aplicadas por uma enfermeira com roupas contra radiação. Para cada resultado negativo um suspiro de alívio e uma decepção.

Nessa alttua do campeonato eu já estava batido. Totalmente entregue e sendo sustentado pela minha família.

O diagnóstico da fibromialgia é por exclusão. Se dói muito em determinados pontos do corpo e os axames não acusam uma causa então sobra a sindrome de dor difusa.

Retornei prá São Luis onde permaneci tomando analgésicos menos agressivos e próprios para a fibromialgia e um medicamento prá melhorar o sono.

Minha sensibilidade ao frio aumentou consideravelmente. Alguns minutos num ambiente com ar condicionado provocam dores em todo o corpo. 

Encontrei o Dr. João Batista em São Luis, especialista em dor, pesquisador sobre o assunto e presidente de uma importante entidade internacional que estuda o assunto. Prescreveu outros remédios e me encaminhou para a hidroterapia, fisioterapia respiratória e acupuntura. Minha qualidade de vida logo melhorou.

Então, por não poder me segurar com as próprias pernas mudei para Santa Helena com a minha família. No interior a vida é mais saudável e mais barata, mas não tenho acesso às terapias.

Depois de uma ano sem trabalhar, desde janeiro retomei minha profissão e hoje convivo com a fibromialgia numa relação conturbada, de altos e baixos. Nuns dias tenho dores amenas e noutros elas são irradiadas, profundas e fortes. Dói a alma, músculos, tendões e outros tecidos moles.

Quando as dores se tornam quase insuportáveis fecho-me na minha casa e tento não arranjar compromissos profissionais e familiares. Dirigir por mais de uma hora é insuportável. Pensar e raciocinar se tornam tarefas impossíveis. Permanecer quieto me causa maior conforto, mas atrofia a musculatura por falta de atividade física.

Fibromialgia ainda não tem cura, provavelmente foi causada por um trauma físico (as cirurgias), carece de constante fisioterapia e remédios para amenizar a as dores.

Aos amigos e conhecidos, peço que procurem tratar com mais cuidado este assunto. Alguém próximo pode estar precisando de sua ajuda nesse campo e o pior apoio é aquele que taxa o portador de fibromialgia de preguiçoso, de pirado ou manhoso. O paciente deve ser pego pelos braços e levado à pesquisa da fonte da dor e depois ao tratamento. Quem tem fobromialgia não tem inciativa.

A doença é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, é incapacitante, de difícil diagnóstico e de tratamento continuado, caro e especializado, acomete preferencialmente mulheres e seus sintomas podem se iniciar até mesmo na infância.

Se não fosse o apoio constante da minha família e de muitos amigos, fatalmente eu não estaria aqui contando essa longa história. Viver com dor é não viver.

Creio que me aproximei de Deus, da família, dos bons hábitos, e dos melhores amigos, perdoie e pedi perdão, separei-me do ódio e do rancor, dei mais valor ao que ganho com o meu trabalho lícito. Então, estou recompensado. A Sofia me tira da cama todos os dias.

Que assim seja!

  

 

5 comentários:

  1. DOR, SEI O QUE É ISSO ESTE ULTIMO FINAL DE SEMANA, PASSEI UMA SEMANA "QUEBRADO" NO MEU CASO É HERNIA DE DISCO, L4,L5, S1. MESMO DEPOIS DA CIRURGIA AS DORES SÃO INSUPORTÁVEIS, MUDOU MUITO POUCO PORQUE TERIA SURGIDO UM FRIBOSSE NO LOCAL.
    SÓ QUEM TEM DOR SABE O QUE É ISSO...
    MELHORAS COMPANHEIRO!

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  2. Querido Fabrício , quem colaborou e me ensinou no meu 1o.mandado de segurança! Condoída com sua estoria.Estou passando por uma doença familiar Azheimer de minha mãe. Tentei tudo para q ela melhorasse e só te peço q não desista a cura existe e estamos desfrutando dela. Va atras de tudo mas nao deixe de tentar o Joao de Deus abra o site www.joaodedeus.com.br e veja qtos milagres.Acredite. Tudo d melhor pra vc Beth

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  3. Amigo Fabricio...

    Este artigo nos auxilia em nossos dilemas, muita paz no coração.

    Sílvio Babu

    Um estudo sobre a dor
    Claudia Cardamone


    “Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos precisos para obtê-la.“ Emmanuel, do livro “Aulas da Vida”.


    Primeiramente vamos definir a palavra dor. De acordo com o Dicionário Aurélio, dor pode ser uma sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais, pode ser um sofrimento moral, mágoa, pesar ou aflição, e por fim dor pode ser sinônimo de dó, compaixão e condolência. Com base no Wikipédia, a dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e emocional.

    Existem aspectos para a dor. A dor física é aquela que surge de um ferimento ou de uma doença, funcionando como um alarme de que há algo errado no funcionamento do corpo; se não existisse a dor, provavelmente não sobreviveríamos, porém esta dor física afeta a pessoa como um todo. A dor moral é aquela que advém do sofrimento, da emoção. A dor espiritual surge da perda de significado, sentido e esperança, ela é reconhecida quando dizemos que “dói a alma”. O aconselhamento espiritual é uma das necessidades mais solicitadas pelos que estão morrendo e por seus familiares. Claro que estes três aspectos interrelacionam-se e nem sempre é fácil distinguir um do outro.

    Todas as pessoas consideradas normais têm horror à dor física. Mas a dor se impõe ao homem como um instrumento necessário para que ele possa compreender e observar a lei da autopreservação. Quando a dor é maior do que conseguimos suportar, simplesmente caímos em estado inconsciente.

    Um aspecto importante da dor é o aspecto mental, pois a maioria das dores físicas é exagerada pela nossa reação mental a elas. Muitas vezes, em um acidente, os pais, preocupados em amparar e proteger seus filhos, não sentem a dor de um ferimento, porém assim que suas emoções se acalmam, percebem o ferimento e sentem dor. Muitas vezes eles dizem nem terem tido tempo para pensar nisso.

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  4. Continuação...

    Em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VI, Parte 2ª: “257. O corpo é o instrumento da dor, se não é sua causa primária, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que ela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação física. Com efeito, o frio e o calor não podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode regelar-se nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produzir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no membro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de partida da dor: o cérebro conservou a impressão, eis tudo. Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos Espíritos depois da morte (...)”
    “O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a própria matéria inerte (...) É também o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Eis porque o Espírito não diz que sofre mais da cabeça que dos pés (...) Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; não obstante, não é também um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, pois ele se queixa de frio ou de calor (...) A dor que sente não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está localizada e não é produzida por agentes exteriores; é, antes, uma lembrança também penosa (...)”.

    Um espírito já desencarnado pode acreditar estar sentindo dor, pois sua mente ainda mantém a percepção desta dor. Ele não sente uma dor física, pois esta dor é inerente ao corpo, que já não existe mais, mas por estar muito apegado à matéria e acreditar que possui um corpo, sua mente “percebe” a dor.

    Desde o século passado, a ciência já conhece quais os neurônios envolvidos na percepção da dor, mas o mais importante é o processo mental que irá interpretar esta dor. Ou seja, a forma como é expressa esta dor está fortemente ligada à cultura, à personalidade, às experiências anteriores, à memória e ao ambiente do indivíduo. Desta forma, podemos concluir que a dor é um processo mental interpretativo, não passa de uma opinião pessoal. Sem dúvida é uma sensação em uma ou mais partes do organismo, mas sempre é desagradável, e, portanto, representa uma experiência emocional. Estamos diante de um fenômeno dual, de um lado a percepção da sensação e de outro a resposta emocional do indivíduo a ela. Assim, nem sempre quem está sentindo dor está sofrendo. O sofrimento é uma questão subjetiva e está mais ligada à moral da pessoa. Nem toda dor leva ao sofrimento e nem todo sofrimento requer a presença de dor física. A dor sempre representa um estado psicológico, muito embora saibamos que a dor na maioria das vezes apresenta uma causa física imediata.

    Já dizia Emmanuel: “Toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.” (O Consolador, Francisco Cândido Xavier).

    Muitas vezes esta dor, que no plano biológico é como uma advertência de utilidade incontestável, repercute na vida psicológica do indivíduo, extrapolando esta utilidade biológica e dependendo da sua intensidade poderá assumir dimensões tais que gerariam um desejo de se eliminar a própria vida. Na verdade, não é uma verdadeira vontade de eliminar a vida, mas um desejo de pôr fim a uma dor interpretada como intolerável.

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  5. Continuação ...

    A Psicologia já vem afirmando algo nesta direção; diz esta ciência que dar significado à condição sofrida freqüentemente reduz ou mesmo elimina o sofrimento a ela associado. A transcendência seria provavelmente a forma mais poderosa na qual alguém pode ter sua integridade restaurada.

    Desde que renascemos, até a desencarnação, estamos sempre diante da dor e do sofrimento. A Doutrina Espírita não faz apologia da dor, apenas nos esclarece o porquê da dor.

    “É necessário sofrer para adquirir e conquistar. Aqueles que não sofreram, mal podem compreender estas coisas.” (Léon Denis, Cap. XXVI do livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”).

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