terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ACABARAM COM O FUTURO

 

O mundo acaba no próximo dia 21, dizem os jornais. Chega amanhã, ao Maranhão, o melhor Judiciário do Brasil. A Prefeita eleita de Guimarão toma posse no primeiro dia de janeiro.

Não aguento mais o presente do indicativo usado para indicar atos ou eventos que ocorrerão no futuro. Ocorrerão?

Mas afinal, por qual razão a mídia simplesmente enterrou o futuro do presente?

É bem verdade que o futuro do presente é formado pelo verbo no infinitivo, acrescido da partícula que remeterá a ação para o futuro. Mas para os nossos jornais, especialmente os das televisões, acham que basta o presente e o espectador que se vire para entender se o fato será no futuro ou ficará mesmo só no presente.

Roberval Teylor, locutor de uma rádio de Chico City, estralava os erres para chamar a atenção do futuro. “Choveráááá amanhã.”

Porém, como acho que os jornais possuem assessoria na escrita, só posso aceitar a falta do perfeito futuro como certeza da ausência de qualquer possibilidade de que o fato narrado venha a ocorrer. Nos exemplos dados acima, fatalmente o mundo não acabaráááá neste mês; o Judiciário do Maranhão continuaráááá do mesmo jeito e a Prefeita eleita de Guimarães não tomarááááá posse em janeiro.

Pelo amor de Deus, devolvam o nosso futuro, senão eu VOU ESTAR PEDINDO providências junto às autoridades.

Se alguém puder me esclarecer melhor a ausência de futuro, eu VOU ESTAR AGRADECENDO.  

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

VOLTEI! VOLTEI? SEI, NÃO? NÃO, SEI!

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa Escreveu isso. Mas escreveu muito mais. Aliás, parece que mais escreveu do que falou. Falou pouco, como bom mineiro, mas muito bem. Levou quatro anos para tomar posse na Academia Brasileira de Letras, por medo de falar. Pode? Tomou posse, falou e três dias depois morreu, calado, em casa, sozinho.

Até agora não consegui terminar dois livros que escrevo: um, sobre minha nova vida, após os quarenta, com a fibromialgia; o outro, uma ficção sobre a minha experiência com a política, aquela dos bastidores, das coisas da “polis”. Até agora não sei sei quem dói mais – as coisas da “polis” ou a fibromialgia. Acho que enquanto não eliminar essa dúvida, ambas continuarão inconclusas. Parece medo de acabar como o Rosa.

Plantei muitas árvores, algumas centenas delas e tenho uma filha – Sofia. Falta o livro

O crocodilo de Rosa seria o mesmo monstro de Kafca? Fibromialgia e política, para mim, isto é certo, por enquanto, sofrimentos do homem.

Agora vou consertar um brinquedo da minha filha. Que delícia!  E ainda é um instrumento musical. Aconselho todos. “Quelemém” me disse que é bem.

Inté.